terça-feira, 28 de julho de 2020

Artigo



O jornal Correio do Povo publicou, nesta terça-feira (28), artigo de minha autoria que aborda uma das pautas que estamos tratando na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.


Você pode ler o conteúdo do artigo também abaixo:

O racismo se manifesta das mais diversas formas no Brasil: na falta de representatividade de homens e mulheres negras nos espaços públicos, nos índices de exclusão e de pobreza e, também, no gigantesco número de assassinatos que ocorrem todos os anos.

Mas a discriminação racial não se apresenta só em registros do IBGE ou pelo que sabemos por meio dos noticiários. Ela se materializa no olhar que constrange, na reação de estranhamento ou de incômodo ao perceber a presença de um negro num espaço de predominância branca. Ela está em preferências estéticas e na piada inocente – que de inocente não tem nada. É o racismo nosso de cada dia, sutil ou escancarado, mas ainda aceito e alimentado por quem ignora a sua existência.

No Brasil, o racismo se apresenta de forma especialmente maquiada, porque nós nos enxergamos como um país miscigenado. A nossa miscigenação, todavia, em nenhum momento pressupôs igualdade, pelo contrário: a própria mestiçagem tem suas raízes em práticas de opressão nas relações inter-raciais.

A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, colegiado presidido por mim na Assembleia Legislativa, tem recebido um crescente número de denúncias de práticas de racismo e de injúria racial. E um fenômeno grave criou-se a partir do avanço e da popularização das ferramentas virtuais de comunicação, que se tornaram ambiente fértil para a disseminação de manifestações racistas, não só pela velocidade de propagação, como também pela aparente facilidade em manter seus autores na clandestinidade.

As várias dimensões alcançadas por esse tipo de crime e a sua visibilidade passaram a exigir uma resposta por parte das pessoas brancas, das instituições governamentais e jurídicas. Que saibamos responder a esse chamado com a responsabilidade que a missão impõe. E se julgamos necessária a mudança de legislação, de igual forma, precisamos estar atentos à principal aliada do racismo, que é a sua negação.

Não basta você não ser racista. É preciso não aceitar o racismo. Você e eu temos a incumbência de mudar esse modelo cultural que discrimina, maltrata, oprime e mata. Eu convido você a fazer parte da luta por uma igualdade racial ampla e real. Não vamos nos calar diante de injustiças, não vamos permitir que nossos irmãos e irmãs continuem sofrendo qualquer tipo de alijamento. Basta de racismo!

Edição de 28/07/2020 do jornal Correio do Povo, editoria Opinião, página 2.

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