segunda-feira, 12 de julho de 2021

Acessibilidade

Entidades de apoio celebram instituição do 

Dia Estadual da Pessoa Surdocega



O governador Eduardo Leite sancionou, nesta segunda-feira (12) a lei que institui o Dia Estadual da Pessoa Surdocega, a ser celebrado anualmente em 12 de novembro. O ato no Palácio Piratini, em Porto Alegre, contou com a participação de representantes de instituições e entidades ligadas à promoção da acessibilidade, além de integrantes da comunidade surdocega gaúcha.

De autoria do deputado estadual Sergio Peres (Republicanos), a nova lei foi formulada com a participação do segmento, com a pretensão de chamar a atenção do poder público e da sociedade para essa camada da população por meio da realização de campanhas educativas visando à prevenção de doenças causadoras da surdocegueira durante a gestação; da promoção de debates sobre políticas públicas voltadas à atenção integral à pessoa surdocega; do desenvolvimento de ações de coleta de dados e produção de conhecimento para atender as necessidades da população surdocega e suas famílias nas áreas da saúde, educação, lazer, segurança e inclusão social.

“Queremos fomentar atividades de integração com todos os setores da sociedade, para que conheçam, compreendam e se solidarizem com as pessoas surdocegas, combatendo qualquer forma de discriminação”, sustenta Peres. O republicano também projeta, para a data, ações de divulgação dos avanços técnico-científicos relacionados à educação e inclusão social da pessoa com surdocegueira.

A surdocegueira é considerada uma deficiência complexa, pois além de se apresentar em diferentes graus de limitação da audição e da visão da pessoa, a maneira com que o indivíduo percebe sua condição também influencia na sua forma de interagir com o mundo e com as pessoas.

Manifestações da comunidade surdocega

Para profissionais que atuam de forma direta no atendimento de surdocegos, a data em âmbito estadual deverá chamar a atenção dos agentes públicos para a necessidade de aprimorar serviços essenciais, como saúde e também a educação. De acordo com a professora Vânia Rosa da Silva, há aproximadamente 40 anos foi iniciado no Brasil a educação de surdocegos, mas o Rio Grande do Sul não acompanhou essa caminhada, que demanda o aporte de investimentos para ações multidisciplinares. “O nosso sistema de ensino ainda não está pronto para oferecer o atendimento adequado para essa população. Não temos instituições aptas a acolher, por falta de estrutura e porque não contamos com profissionais capacitados para promover sua efetiva integração”, relata a intérprete de Libras, que representa o Grupo Brasil e o Retina RS, ONGs que prestam apoio e informação a pessoas com doenças da retina e seus familiares.

Primeira atleta surdocega de judô no mundo, Giovana Pilla acredita que a sociedade precisa conhecer e perceber a surdocegueira como uma deficiência, para que haja investimento em acessibilidade. "Precisamos conviver em sociedade, precisamos de espaços de lazer, recreação e esporte. Nesse sentido, poder comemorar o Dia Estadual da Pessoa Surdocega é um passo muito importante para a conscientização dos gaúchos", avalia.

Giovana compareceu à solenidade acompanhada da sobrinha Juliana Pilla, guia-intérprete que atua, com a atleta paralímpica, na ONG Brasil Surdocego. “As pessoas surdocegas precisam ser vistas, valorizadas e incluídas na sociedade, e apenas quando tivermos conhecimento amplo e acessível sobre a surdocegueira, é que poderemos evoluir em políticas públicas de acessibilidade”, defende Juliana, ao chamar a atenção para a desinformação como fator de preconceito e exclusão. “Muitas pessoas sequer imaginam que é possível viver uma vida independente sendo um cidadão surdocego. Faltam conhecimentos básicos, como as diferenciações trazidas pelas cores das bengalas, o que demonstra que a educação inclusiva ainda é um desafio, da mesma forma que a moradia assistida para pessoas surdocegas precisa ser prioridade na pauta das ações para esse segmento da população”, sustentou.

Identificação pela cor da bengala

Pessoas cegas, com perda total da visão, são publicamente identificadas com bengala branca. Já a bengala verde sinaliza pessoas com baixa visão; cidadãos que não são cegos, mas que enxergam com maior dificuldade, com visão parcial.

Os surdocegos são identificados com a bengala branca e vermelha, mas a sinalização também é feita, por vezes, apenas com um adesivo vermelho sobre a bengala branca.

Presenças

O ato realizado no Salão Negrinho do Pastoreio também contou com a presença do representante das ONGs Grupo Brasil e Retina RS, Joel Almeida da Silva; do presidente da FADERS – Acessibilidade e Inclusão, Marquinho Lang; da Secretária de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Regina Becker, e do representante da comunidade surda da Serra Gaúcha, Tibiriçá Maineri.

Fonte: Jorn. Karine Bertani (MTE 9427) | Assembleia Legislativa

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