segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Santa Cruz do Sul

Peres quer impedir fechamento 
de classes especiais para surdos 



O risco de extinção de classes especiais para surdos na Escola Estadual Rosário de Surdos de Santa Cruz do Sul levou o deputado Sérgio Peres (PRB) ao município nesta segunda-feira (1º) para audiência com a diretoria, funcionários e integrantes da comunidade surda.

Na última semana, um documento expedido pela 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) comunicou o fechamento das classes específicas para surdos do 6º ao 9º ano já para o ano letivo de 2016. Os alunos passarão a ter aulas em turmas mistas, com colegas ouvintes, medida considerada excludente pelos pais dos alunos surdos, já que nas classes especiais esses estudantes têm como primeira língua a Libras (Língua Brasileira de Sinais).

“Muitos estudos já demonstraram que o processo de aprendizagem pleno se dá quando se respeita a língua do aluno, e no caso dos surdos é a Libras, que é uma língua oficial brasileira. O Executivo Estadual precisa respeitar as diferenças e compreender que todos têm o direito de acesso à educação”, protestou o professor Cristian Strack, representante da comunidade surda estadual, que também participou do encontro.   

“O fechamento das classes para surdos representa um retrocesso para a educação e para a cidadania dos surdos. As políticas de inclusão têm sido elaboradas por uma perspectiva dos ouvintes e não dos surdos que, quase sempre, são ignorados nesse processo. O que conseguimos avançar com muita luta está sendo tirado de forma arbitrária, sem a participação dos principais interessados”, lembrou a diretora da Escola Estadual Pe Reus de Esteio, Lucimeia Gall Koning.

Peres prontificou-se em levar, com representantes da comunidade surda, a questão ao secretário de Educação do RS Vieira da Cunha. “Misturar turmas tendo-se a língua portuguesa como principal forma de comunicação nos faz questionar se a inclusão significa integrar o surdo realmente. Eu tenho aprendido com o relato dos surdos que a expressão correta para as experiências desenvolvidas não é inclusão, e sim uma forçada adaptação com a uma situação imposta”, aduz o parlamentar.

Sobre a Libras

A Libras é a língua de sinais reconhecida pela Lei nº 10.436 de 2002 como meio de comunicação e expressão de comunidades de surdos do Brasil, e está incluída no grupo das línguas oficiais brasileiras. 


Classificá-la como língua foi possível porque ela preenche requisitos científicos, como o funcionamento gramatical e enunciativo próprio e está associada a uma produção discursiva específica. A caracterização de Libras como brasileira está de acordo com o fato de que ela é diferente de outras línguas de sinais praticadas em outros países.

O reconhecimento de Libras como sendo a língua da comunidade de pessoas surdas do Brasil, trouxe consigo regulamentações que procuram garantir a sua circulação no território nacional. Dessa maneira, a lei também passa a incidir sobre o funcionamento de instituições, de forma a garantir que o poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos como saúde, segurança e educação desenvolvam formas de apoiar o seu uso e sua difusão. 

Fonte: Jorn. Karine Bertani - MTE 9427 | Assembleia Legislativa

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.