O deputado estadual Sergio Peres (Republicanos) solicitou, nesta sexta-feira (13), informações sobre a situação das abelhas e da produção de mel nos municípios gaúchos, desde a ocorrência de fumaça oriundas das queimadas da Amazônia e Pantanal. Em documento protocolado na Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (SEAPI), o parlamentar expõe sua preocupação com as condições para a polinização e requer providências para evitar a mortandade e a desorientação das apis e melíponas (abelhas-sem-ferrão). O requerimento foi motivado por relatos de representantes da cadeia produtiva do mel do Rio Grande do Sul.
No Centro Estadual de
Diagnóstico e Pesquisa em Apicultura Emílio Schenk (CEAPIS), em Taquari, as
colmeias do Parque Apícola estão sentindo os danos da fumaça. “Elas não
conseguem voar. Nós abrimos as caixas, vemos abelhas dentro, mas elas não voam.
E aquelas que saem, não conseguem voltar, pois perdem o senso de orientação”,
descreve o diretor Ademir Haettinger. O apicultor relata que verificou a mesma
situação na região das Missões, nas plantações de canola. “Nos dias de sol encoberto
pela fumaça são poucas que estão polinizando – estamos observando isso há 40
dias e tratando as abelhas na caixa com o que chamamos de “pão de abelha”, um composto
natural para alimentá-las e mantê-las ali seguras”, observa.
O representante da
APICAMPOS e do Polo do Mel dos Campos de Cima da Serra, Gabriel Boeira, lembrou
que a fumaça é utilizada como um recurso eventual dos apicultores para desorientar
as abelhas e deixá-las menos agressivas. “A fumaça constante prejudica a
enxameação, a produção de crias novas e, consequentemente, a polinização. Choveu
durante dois dias, mas não foi suficiente, a cortina de fumaça continua. Há um
risco sério para o abastecimento e para a saúde da população, pois afeta diretamente
a produção de alimentos”, alerta Boeira.
“A situação se agrava porque o setor ainda está
fragilizado em função dos danos decorrentes dos eventos climáticos nos nossos
municípios. Esse era para ser um momento de recuperação, e não de um novo
desafio para os produtores”, avalia Sergio Peres. O deputado é autor do Projeto
de Lei 45/2024, que cria o Fundo Estadual do Mel no Rio Grande do Sul, com o
intuito de promover a sustentabilidade das
colmeias de polinizadores das espécies “apis melíferas” e melíponas no Estado,
incluindo a manutenção, a melhoria e a recuperação das populações de abelhas.
Na condição de presidente da Comissão Especial de Apicultura e Meliponicultura,
Peres solicitou ao Ministério da Agricultura, em dezembro do ano passado, a criação de um seguro
apícola, equivalente a dispositivos legais já existentes em benefício de outros
segmentos, como o Seguro Defeso dos pescadores, a fim de evitar o abandono da
atividade. O seguro é reivindicado pelo setor para períodos de adversidades –
como perda de capacidade por contaminação química externa, ações de pragas e
doenças ou razões climáticas.
O presidente da Federação Apícola e de Meliponicultura do RS (FARGS), David Emenegildo Vicenço, informou que ainda não há um prognóstico sobre o efeito da fumaça das queimadas e que a instituição está monitorando as condições nas propriedades. “É uma situação diferente para todos nós e acreditamos que com o tempo possivelmente teremos alterações em função da poluição causada pela fumaça”, observa.
Fonte: Jorn. Karine Bertani MTE 9427 | Foto: Celso Bender
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