São Leopoldo

COMISSÃO ESPECIAL PARA TRATAR DA FUNÇÃO DAS IGREJAS NOS PRESÍDIOS E CENTROS DE RECUPERAÇÃO

Deputados visitam centro de recuperação 

de dependentes químicos 

Além de conhecer as dependências, parlamentares conversaram com internos

A Comissão Especial para Tratar da Função Social das Igrejas nos Presídios e nos Centros de Recuperação de Drogadição no RS (CEFSIP) realizou, nesta quinta-feira (16), sua segunda visita técnica, desta vez a uma das unidades mantidas pela ONG Novos Horizontes, que trata de dependentes químicos em São Leopoldo. Recebidos pela diretoria administrativa e pela equipe de trabalho, o presidente do colegiado, deputado Sergio Peres (PRB), o relator, Missionário Volnei (PR) e a deputada Miriam Marroni (PT) conheceram as dependências e os programas desenvolvidos pela entidade.

Com capacidade para 30 internações, a unidade acolhe hoje 22 pacientes em São Leopoldo. A ONG também mantém uma sede em Santo Antônio da Patrulha e um centro destinado a pacientes menores de idade localizado no bairro Belém Novo, em Porto Alegre. “Somos feitos de corpo, alma e espírito, e os três precisam de alimento. A assistência espiritual vem suprir uma necessidade humana para superar o sofrimento causado pela dependência e fornecer instrumentos capazes de promover a recuperação. No entanto, nem sempre as instituições contam com a estrutura necessária para que esse trabalho seja desenvolvido”, adverte Peres.

Uma reunião de orientação espiritual terminava quando os parlamentares chegaram ao local, onde tiveram a oportunidade de conversar com os internos. “A gente observa neles a tranquilidade, a fé presente, a esperança que eles têm. A combinação da visão científica à espiritual nos dá perspectiva de salvação das pessoas. Se não fosse pelo trabalho desenvolvido em centros como este, provavelmente eles estariam na rua ou incidindo no crime, que tem relação direta com a drogadição”, constata Miriam, que percorreu com a comitiva todas as áreas da unidade de internação. “Mesmo quando todas as portas se fecham, o dependente encontra solução na vida espiritual, na palavra de Deus que entra em presídios e casas de tratamento para se tornar um instrumento de recuperação”, defendeu o deputado Missionário Volnei.

O quadro profissional da unidade é composto por médico psiquiatra, psicóloga, dois técnicos de enfermagem, enfermeira, cozinheiro, nutricionista e quatro monitores. Já a assistência espiritual é realizada diariamente por voluntários de religiões diversas. “Não existe imposição ao paciente para que siga uma denominação religiosa, mas há incentivo para que desenvolva a sua espiritualidade. Cada um procura a doutrina com a qual se identifica para fazer sua caminhada rumo à recuperação”, explica o coordenador do centro, Márcio Arruee.

O tratamento tem duração de 9 meses e alia medicação com atividade laboral, estudos, programas culturais e o auxílio espiritual, oferecido num espaço ecumênico. “Já está comprovado por estudos que a espiritualidade traz resultados positivos para a recuperação dos dependentes, fortalecendo para enfrentar a realidade quando sai daqui”, observa Carin Fernanda Galo, psicóloga da entidade. “A gente tenta mostrar ao paciente que por meio da espiritualidade é possível mudar de vida”.

Para manter as três unidades durante os seis anos de existência, a ONG conta com doações de entidades e da comunidade, além da parceria com municípios, por meio dos Centros de Apoio Psicossocial (CAPS). O presidente da ONG, Jefferson Soares, lembrou que muitos internos são oriundos de famílias desestruturadas e tiveram o primeiro contato com a vida espiritual dentro do centro. De acordo com ele, 40 a 50% dos pacientes egressos que passam pelo tratamento completo não recaem no uso de drogas. “São pessoas que mesmo saindo daqui permanecem cultivando e praticando a sua fé. A gente percebe, até pelo modo de falar e de se portar, a influência da espiritualidade na recondução da vida dos nossos pacientes”, atesta.

A próxima visita técnica está programada para segunda-feira (20) na Penitenciária Modulada de Ijuí. O prazo para a finalização dos trabalhos, apresentação e votação do relatório da comissão encerra-se em maio deste ano.

Fonte: Jorn. Karine Bertani - MTE 9427 | Assembleia Legislativa