Audiência pública alerta sobre feminicídio em Cachoeirinha
Evento com mais de 300 pessoas marcou o
Dia Nacional do Combate à Violência contra a Mulher
Na data que marca o Dia Nacional do Combate à Violência contra a Mulher, a cidade de Cachoeirinha, na região Metropolitana, recebeu mais 300 pessoas na Câmara de Vereadores para participar de uma audiência pública que tratou sobre feminicídio e agressões às mulheres. O encontro, que aconteceu na noite desta quinta-feira, é o quinto de uma série promovida pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assembleia Legislativa.
Deputado Sergio Peres, presidente da CCDH, propôs o debate no município |
O Brasil tem um registro alarmante de casos de feminicídio, e apenas no primeiro trimestre de 2019 foram registrados 300 casos, sendo que em 2018 o número total foi de 1,2 mil. Cachoeirinha teve um registro de feminicídio consumado, e três tentados, neste ano, de acordo com os dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP/RS). Mas, para além do crime capital, as mulheres constantemente são vítimas de outras agressões.
Liliane ressalta também que com a audiência pública é possível deixar claro que a violência vai além da física, e passa por outros comportamentos masculinos em relação às mulheres. “A gente consegue debater as formas de violência doméstica que não é só violência física, mas também psicológica, moral e violência patrimonial com uma forma de controle.” A defensora espera conseguir criar ações concretas para reduzir o problema a partir destas audiências. “Precisamos pensar numa rede de proteção articulada e movimentos como este são extremamente importantes para que combatermos esses números alarmantes que do estado.”
A coordenadora do NUDEM-DPE-RS faz questão de frisar que o trabalho precisa ir além de mostrar às mulheres seus direitos e onde denunciar os agressores, mas trabalhar também com os homens desde a infância para que não repitam o comportamento. “Com grupos reflexivos com homens tratando a visão masculina. Quando a gente consegue tratar desconstrução de estereótipos masculino e feminino podemos combater essa cultura.”
Durante a audiência, o promotor do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS), Marcelo Rasquin Bertussi, lembrou casos que atendeu em Cachoeirinha, cidade onde atua, demonstrando como mulheres acabam subjugadas dentro de casa antes mesmo da agressão. Ele comemorou a criação da Lei Maria da Penha como uma ferramenta que possibilitou às vítimas ter uma proteção contra os agressores. “Ela é uma arma muito forte, que é a cadei. É com essa arma que buscamos equilibrar o jogo”, destacou Bertussi ao avaliar a situação de desigualdade entre os agressores e suas vítimas.
Presidente da CCDH, Sergio Peres (Republicanos), garantiu que ao final das audiências pretende cobrar do governo do estado ações concretas para garantir o apoio às vítimas de violência. “Ao final vamos fazer um relatório buscando recurso do governo para que possa de casas de apoio e que possa ter talvez um aluguel social para essas mulheres que denunciam terem como se manter. Temos que encontrar políticas públicas de acolhimento, e não apenas usar a lei para punir”, afirmou o deputado. Encontros semelhantes já aconteceram em Itaqui, Uruguaiana, Veranópolis e Rio Grande, antes de Cachoeirinha. A próxima cidade a receber a audiência pública é Santa Maria.
Por Eduardo Amaral / Portal Correio do Povo - 10/10/2019 | 22:51
Fotos: Leonardo Bueno
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