Jornal do Comércio também repercute nossa visita técnica à mineradora responsável pelo projeto Mina Guaíba.
Texto da matéria: No Dia Internacional do Meio Ambiente, os deputados da Comissão de Saúde e Meio Ambiente foram visitar a mina de carvão administrada pela Copelmi Mineração, no município de Butiá. A empresa é responsável pelo projeto da Mina Guaíba, cuja implementação pode ocorrer entre Eldorado do Sul e Charqueadas, a 16 quilômetros de Porto Alegre. Aliás, esse era um dos principais objetivos da visita: averiguar o impacto ambiental da extração de carvão em Butiá e projetar os possíveis danos na Mina Guaíba.
A visita foi guiada pelos gerentes da Copelmi, ao longo de toda a manhã. Um ônibus lotado com parlamentares, assessores, jornalistas e funcionários da mineradora saiu da Assembleia Legislativa às 8h30min e regressou à Capital às 15h. Alguns parlamentares já se manifestavam a favor da implementação da Mina Guaíba no início da viagem; outros foram convencidos após as explicações da Copelmi; e outros ainda permaneceram em dúvida. Assim que o ônibus começou a rodar, o deputado Gabriel Souza (MDB) - proponente da visita - pegou o microfone instalado no veículo e iniciou uma sessão da comissão.
“Essa é a primeira audiência pública móvel”, brincou. Em seguida, passou a palavra para os demais deputados da comissão e membros da Copelmi. De um modo geral, os parlamentares pareciam já estarem convencidos da instalação da mina próximo à Capital. “Em 1980, vivi a mineração no sul de Santa Catarina. Era um crime ambiental. Não dava para respirar o ar. Mas isso é inexistente nas minas da Copelmi, que já tive a oportunidade de visitar”, relatou Vilmar Lourenço (PSL). Quando o ônibus chegou à mina de Butiá, os técnicos da empresa deram algumas explicações sobre como funcionava a extração à beira da cava de mais de 50 metros de profundidade. Enquanto o gerente de sustentabilidade falava, assessores e parlamentares aproveitaram para fazer selfies. O parlamentar que mais questionou os funcionários da mineradora foi Sebastião Melo (MDB).
Entre as preocupações, estava a contaminação da água do Rio Jacuí, que desemboca no Guaíba. Apesar de o gerente de Sustentabilidade da Copelmi, Cristiano Weber, garantir que não vai haver poluição no único manancial que abastece a Região Metropolitana, Melo foi cauteloso. “Não vou formar minha opinião hoje. Porque quero ouvir os contrapontos. Marquei reunião com uma equipe técnica do Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgoto). Hoje, o departamento capta água em seis lugares, mas a qualidade é muito ruim. Existe um projeto para mudar alguns pontos de captação para perto do Delta do Jacuí (próximo ao local previsto para a Mina Guaíba). Quero saber dos técnicos do Dmae se a mina pode prejudicar a qualidade da água na Capital.”
E complementou: “Além disso, a Mina Guaíba vai ser muito maior que a de Butiá. As diferenças devem ser levadas em conta”. Gabriel Souza, por outro lado, ficou convencido da viabilidade do empreendimento: “Mudei minha concepção sobre a mineração”. “Diziam que a Mina Guaíba vai ser uma Brumadinho de Porto Alegre, mas os técnicos explicaram que não vai ter barragem de rejeitos. Constatamos que não tem poeira, porque eles molham o solo. E, como os técnicos explicaram, não vai contaminar o lençol freático. É um investimento vultuoso, de bilhões de dólares”, justificou Souza, referindo-se ao Polo Carboquímico.
Mineradora diz que área degradada pode ser recuperada
Ao longo da visita à mina de Butiá, o gerente de Sustentabilidade da Copelmi, Cristiano Weber, explicou que a diminuição do impacto ambiental nas novas minas se deve ao método de extração adotado. Na cava (que nada mais é do que um buraco gigante) apresentada aos parlamentares, a empresa usa a técnica da “lavras em tiras”, que consiste em escavar uma vala de um lado onde vai ser extraído o carvão, ao mesmo tempo que se tapa o lado oposto, onde o carvão já foi retirado. Com isso, a cava permanece do mesmo tamanho, ao invés de aumentar constantemente. Além disso, ao desfazer a cava, a técnica busca a recuperação da área degradada.
“Fazemos a reposição dos materiais que estavam sobre o carvão, na mesma ordem de empilhamento que tinham na natureza. Os siltitos embaixo, em cima as argilas, depois o solo e, enfim, a cobertura vegetal. Logo que se começa a escavar, se retira o solo, e deixamos ele separado para, posteriormente, ser colocado de volta. Então, esse solo não entra em contato com nenhum material contaminante”, sustentou Weber. Para demonstrar a recuperação da área degradada, a empresa levou os parlamentares à Fazenda Butiá, situada sobre um local onde foi extraído carvão, entre 1987 e 2009. Conforme os funcionários da Copelmi, o local é de propriedade de um parceiro da empresa, que presta serviços de transporte. Por fim, a comitiva visitou o aterro sanitário dirigido pela CRVR, instalado sobre uma antiga cava da Copelmi. A CRVR produz biogás ali.
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