Foi aprovado, na sessão plenária desta quarta-feira (22), o Relatório Final da Comissão Especial para tratar da Cadeia Produtiva da Piscicultura no Rio Grande do Sul (CECAPI-RS). A votação do documento oficializa o encerramento das atividades do colegiado instalado em julho deste ano, na condição de comissão temporária.
“Foram meses de diálogo para a construção de um pacto coletivo em prol do desenvolvimento de um setor de notável crescimento no Brasil, mas que ainda não alcançou a devida expansão entre os gaúchos no que diz respeito à exploração da aquicultura como fonte de recursos”, avalia Sergio Peres, presidente da CECAPI.
A Comissão teve relatoria do deputado Zé Nunes (PT), que apresentou o resultado das atividades em reunião do colegiado promovida em 11 de novembro.
Atividades
Com a finalidade de verificar estruturas e conhecer iniciativas, foram realizadas visitas técnicas à Piscicultura Dalferth, no município de Fazenda Vila Nova; ao Campus da UFSM de Palmeira das Missões; ao Centro de Extensão e Pesquisa Agropecuária da Universidade de Passo Fundo; à sede do Grupo Santa Fé Agro, no município de Coxilha; à AQP Aquaponia, em Triunfo; à Associação de Piscicultores de Salvador do Sul; à Zimmermann Aqua Solutions, em Mostardas; à Estação Marinha de Aquacultura da FURG em Rio Grande; à Universidade Federal de Pelotas; à Piscicultura Águas do Vale, em Mato Leitão, e à Brazilian Fish, indústria de Santa Fé do Sul, São Paulo.
Além das audiências públicas e das visitas técnicas, a comissão promoveu reuniões temáticas em Porto Xavier, Lajeado, São Lourenço do Sul e em Santa Maria. Nesses encontros, foram realizados ciclos de palestras, seguidas de debates com autoridades municipais, produtores rurais, servidores de órgãos técnicos, membros de entidades e instituições.
Encaminhamentos
O Relatório Final apresentado pelo deputado Zé Nunes traz a descrição das atividades, além de sugestões colhidas e debatidas com agentes da cadeia produtiva da piscicultura. Também constam no documento os encaminhamentos defendidos pelos membros do colegiado, os quais seguem abaixo:
1) Constituição de Câmara Setorial da Aquicultura vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, com fins de promoção do diálogo interinstitucional, interlocução entre forças produtivas e Poder Executivo, além de organização do setor.
2) Criação de mecanismos legais e administrativos capazes de garantir a continuidade e consolidação de programas de desenvolvimento da aquicultura, com a promoção de uma política de Estado, que contemple ações e políticas de caráter permanente.
3) Que na regulamentação da Lei 15.647/2021, que institui a Política Estadual de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura no Estado, sejam considerados os setores envolvidos, contemplando os anseios, as necessidades, os saberes e as especificidades regionais, e que, de forma democrática, haja acesso à informação e participação dos produtores em todas as etapas do processo de construção de políticas públicas setoriais.
4) Formulação e lançamento de um programa de financiamento e custeio voltado a desenvolver a cadeia produtiva da aquicultura.
5) Agilidade na avaliação para a liberação de licenças de operação e de produção da atividade de aquicultura, assim como para a outorga do uso da água aos produtores que queiram ingressar no ramo.
6) Revisão das taxas cobradas pelos órgãos ambientais para o licenciamento da atividade de aquicultura, com exame da possibilidade de tratamento diferenciado para os pequenos produtores, com a isenção de pagamento de taxas, além de mobilização da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do RS, com agentes da cadeia produtiva para pleitear o fim da cobrança de PIS/Cofins do setor.
7) Aumento do aporte financeiro destinado pelo Governo do Estado às atividades da ASCAR/EMATER, que tem sido submetida a uma política de declínio, nos últimos anos, da verba para a assistência técnica ao produtor rural. E, nessa direção, fortalecer, com alocação de recursos, os órgãos ambientais e de assistência, de forma a garantir a presença e atuação de profissionais da área da aquicultura nessas organizações, assegurando a eficácia no amparo ao produtor e gestão especializada do setor.
8) Promoção de meios visando à ampliação do quadro técnico nos municípios, atualmente parceiros na fiscalização, controle e avaliação para obtenção de licenças ambientais, além de responsáveis hoje por atividades de gestão, planejamento e educação ambiental.
9) Formulação de políticas de incentivo fiscal para a criação de um ambiente tributário favorável que diminua entraves de ICMS à instalação e manutenção de empresas no estado, a fim de permitir condições de concorrência com produtos de outros estados.
10) Lançamento de editais públicos específicos para projetos voltados à aquicultura, que hoje competem com os de outras áreas de produção rural em editais com abrangência generalista.
11) Revisão e adequação da Portaria 79 de 31/10/2013, da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado (SEMA), no que diz respeito à inclusão da tilápia na lista de espécies exóticas invasoras, para que nessa revisão sejam considerados estudos, além de aspectos técnicos e científicos do comportamento e modo de vida da espécie com relação às formas de cultivo possíveis, resguardando a proteção dos ecossistemas aquáticos.
12) Incentivo à testagem de novas espécies e tecnologias de produção e, de forma especial, para o desenvolvimento de uma genética adaptada da espécie tilápia para a temperatura de água inferior a 14º C, com vistas a proteger o investimento do produtor frente à alta mortalidade em períodos de inverno.
13) Reativação das agroindústrias de pescado da Região da Metade Sul, com fins de uso da estrutura de beneficiamento para pescado e produtos aquícolas de forma contínua e combinada aos períodos de defeso da pesca.
14) Criação de uma política estadual de apoio ao cooperativismo para o setor de aquicultura, com assistência, suporte e monitoramento de todas as etapas do processo de produção, abate, gestão de negócios e comercialização, integrando iniciativas que atualmente se encontram pulverizadas.
15) Na condição de unidade federativa, intervir, de forma solidária, em apoio às instituições universitárias federais que atuam no Rio Grande do Sul, as quais, nos últimos anos, têm enfrentado uma política de sucateamento provocado por cortes sucessivos na alocação de recursos para as atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Composição
A Comissão Especial para tratar da Cadeia Produtiva da Piscicultura teve Sergio Peres (Republicanos) na presidência, vice-presidente Ruy Irigaray (PSL) e relator Zé Nunes (PT). Também integram o colegiado os deputados Elton Weber (PSB), Clair Kuhn (MDB), Fernando Marroni (PT), Ernani Polo (PP), Aloísio Classmann (PTB), Faisal Karam (PSDB), Paparico Bachi (PL), Neri, o Carteiro (Solidariedade) e Gaúcho da Geral (PSD).
Fonte: Jorn. Karine Bertani MTE 9427 | Assembleia Legislativa
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