Correio
do Povo publica artigo de minha autoria sobre o preconceito contra as
pessoas com nanismo. O tema foi debatido na última reunião da
Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, colegiado presidido por
mim na Assembleia Legislativa.
TEXTO
DO ARTIGO: O 25 de outubro marca o Dia Nacional de Combate ao
Preconceito contra as Pessoas com Nanismo. Reconhecemos os avanços
da medicina e da tecnologia, que permitiram melhorar a qualidade de
vida dos cidadãos, e verificamos a ampliação do debate acerca de
políticas inclusivas e do respeito à diversidade. Contudo, viver
com nanismo no Brasil ainda requer um esforço extraordinário.
O
nanismo é considerado uma doença rara, e se configura a partir de
uma anomalia genética, nem sempre hereditária, que não afeta a
capacidade intelectual do indivíduo. Estamos falando de um universo
complexo, que registra, hoje, cerca de 200 tipos de nanismo em todo o
mundo. A falta de mapeamento populacional dessa deficiência no
Brasil é identificada como um dos fatores que mantêm as pessoas com
nanismo alijadas da pauta de ações do poder público.
Na
última semana, realizamos audiência pública da Comissão de
Cidadania e Direitos Humanos, colegiado presidido por mim na
Assembleia Legislativa, para tratar de alternativas para consolidar
os direitos das pessoas com nanismo. Entre os participantes do
debate, foi consensual o posicionamento sobre a necessidade de
instituir a Semana Estadual da Pessoa com Nanismo. É o ponto de
partida para construir espaços de discussão, trazendo à luz de
nossas instituições e da sociedade a urgência em combater o
preconceito e garantir o acesso ao atendimento
multidisciplinar.
Hoje
as pessoas com nanismo têm como principal estratégia de luta o
ativismo por meio de associações formadas por suas famílias, que
reivindicam visibilidade para esse grupo social que enfrenta
dificuldades de toda a ordem. A principal delas refere-se ao acesso a
equipamentos públicos, como ônibus e banheiros, que já contemplam
a população cadeirante, mas ainda não estão preparados para o uso
do cidadão com nanismo.
Além
das barreiras arquitetônicas que impedem a acessibilidade, existe a
barreira social verificada na satirização da pessoa com nanismo,
revelando um modelo cultural perverso, que agrava, ainda mais, as
condições de vida desses cidadãos e aumenta a responsabilidade de
todos nós na luta contra a discriminação. Que saibamos assumir
juntos a missão de fazer valer direitos, garantir o atendimento
integral, combater preconceitos e promover a empatia.
Edição de 26 de outubro de 2020 do jornal Correio do Povo
Editoria Opinião, p. 2
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